Canabidiol e Autismo – foco pediátrico

Segundo dados do órgão do governo norte-americano CDC (Centers for Disease Control and Prevention), no mundo inteiro há 1 caso de autismo a cada 110 pessoas. No Brasil, informações sobre o transtorno ainda são vagas e os pacientes têm dificuldades de conseguir um diagnóstico precoce e um tratamento digno. Entenda o autismo e como o canabidiol pode fazer parte do tratamento, principalmente das crianças.

Transtorno do Espectro Autista – TEA

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento. O cérebro do paciente tem um desenvolvimento atípico, que resulta em manifestações comportamentais, déficit na comunicação, déficit na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados e amplitude reduzida do repertório de interesses e atividades.

Os primeiros indícios podem ser observados nos primeiros meses de vida, mas o diagnóstico não costuma ser fechado antes dos 2 anos de idade. 

Quanto mais precoce o diagnóstico, melhores serão os resultados a longo prazo. Isso se deve à neuroplasticidade cerebral: as intervenções comportamentais, as terapias e o apoio educacional são mais eficazes quando o cérebro é mais capaz de aprender e se reprogramar.

No entanto, no Brasil o diagnóstico sai em média em torno dos 5 anos da criança. Um estudo-piloto de 2018 feito em São Paulo chegou ao número de 4 anos e 11 meses e meio (4,97). Nos EUA, a idade média de diagnóstico é de 4 anos, segundo ampla pesquisa feita pelo CDC.

Graus de autismo

Nem toda criança com TEA vai ter os mesmos sintomas. Para classificar os diferentes graus do TEA, o que vai ser avaliado é a dependência ou necessidade de suporte. Até 2013, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) classificava os tipos de autismo em: transtorno autista; síndrome de Asperger; transtorno invasivo do desenvolvimento não especificado e transtorno desintegrativo da infância. Hoje, todos são Transtorno do Espectro Autista, e são divididos em 3 graus:

  • Grau 1 de suporte – chamado de nível leve, a pessoa necessita de pouco suporte. No geral, os pacientes têm dificuldade na comunicação, sem que limite a interação social. É comum problemas de organização e planejamento.
  • Grau 2 de suporte – chamado de nível moderado, o paciente apresenta déficits nas habilidades de comunicação verbais e não verbais. Por isso, precisam de suporte para o aprendizado e interação social.
  • Grau 3 de suporte – chamado de nível severo, há uma necessidade maior de suporte, pois apresentam déficits de comunicação graves. Aqui também há muita dificuldade nas interações sociais e prejuízo da capacidade cognitiva. Maior tendência ao isolamento social e à inflexibilidade de comportamento.

Canabidiol no tratamento de crianças com autismo

Como o Transtorno do Espectro Autista só foi adicionado à Classificação Internacional de Doenças da OMS (Organização Mundial da Saúde) em 1993, muito pouco se sabe ainda dessa condição, das causas e dos tratamentos.

E o óleo de canabidiol vem sido estudado e usado para auxiliar no tratamento de crianças autistas. O Dr. Filipe Fernandes, psiquiatra e especialista em psiquiatria da infância e adolescência, escreveu um artigo em 2019 para o portal PEBMED, O potencial dos canabinoides no tratamento do autismo, onde ele diz que “Depois de diversos relatos sobre o uso de cannabis medicinal na diminuição, por exemplo, de ansiedade, irritabilidade, insônia e agressividade, pais de crianças com autismo começaram a enxergar o uso de canabinoides como uma alternativa para aliviar tais sintomas em seus filhos”.

A CNN Brasil publicou uma matéria em 2021 falando sobre o uso do CBD como tratamento de crianças autistas. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa de Cannabis Medicinal da UC-San Diego mostra que o CBD, entre muitas outras coisas, tem efeitos no sistema da serotonina, com o aumento da disponibilidade de serotonina, que ajuda nas interações sociais dos pacientes.

Já o Montefiore Medical Center relaciona o uso do canabidiol como tratamento do TEA pediátrico com a redução da excitação dos neurônios e aumento da inibição, quando os sintomas são comportamentos explosivos, com acessos de raiva ou automutilação, ou comportamentos repetitivos.

O neurologista infantil Thiago Gusmão, especializado no núcleo autista, acredita que para “as crianças que possuem sérios distúrbios comportamentais, o canabidiol é altamente eficaz em casos de agitação, agressividade e distúrbios do sono.

Ao menor sinal de TEA, procure um neurologista pediátrico especializado em autismo. O diagnóstico precoce é o primeiro passo para uma vida com mais qualidade, para o paciente e todas as pessoas que fazem parte do seu círculo social.

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